Educação Audiovisual

“Pensar no que filmar antes de apertar o rec” parece um imperativo óbvio para qualquer idealizador, que de antemão carrega na cabeça idéias centrais e esboços de sequências e cenas de um vídeo. O óbvio, no entanto, se esvanece na fumaça da representação. A indústria cultural na sociedade espetacular ofusca a capacidade de refletir sobre si própria e a imagem-mercadoria domina os meios de comunicação de massa, os álbuns de fotografia familiar e os vídeos produzidos nas festas de aniversário.
A crescente facilidade com que as gerações mais novas lidam com as tecnologias de imagem e som (câmeras e gravadores digitais, programas de edição não linear, de manipulação de imagens, etc) os potencializam a serem também produtores e distribuidores, não mais apenas consumidores dessa informação e desse conhecimento. Faz-se aí mais do que necessário somar a esse domínio (convívio?) precoce da técnica uma reflexão crítica que os faça capazes de questionar e desconstruir o emaranhado de informações no qual nos encontramos, produzindo, por si só, a imagem crítica, a contra-informação.
O audiovisual no Ensino Médio da EPSJV tem como finalidade realizar-se como crítica da cultura, como instrumento de diálogo com a linguagem textual, sem, no entanto, negar a sua especificidade oriunda da linguagem cinematográfica. Como contraponto de uma educação danificada e amparada pela imagem e pelas representações na sociedade do espetáculo, o audiovisual cumpre um papel importante na formação dos alunos como elemento intelectual e artístico capaz de produzir leituras de mundo autênticas, unindo elaboração crítica sobre a realidade e a sensibilidade.
A educação audiovisual do aluno implica diretamente uma educação do olhar como crítica da imagem, bem como um aprendizado da linguagem audiovisual através de um processo coletivo de produção que inclui desde a construção do argumento e roteiro através de pesquisa, até a produção, filmagem e edição.
Cabe ressaltar que a linguagem audiovisual proporciona ao aluno um conhecimento acerca das interfaces entre comunicação, informação e saúde, a partir de uma educação baseada na técnica, no olhar e na crítica, além de estimular novas formas de comunicação, mais crítica e criativa, que façam sentido e se articulem com os princípios e diretrizes do SUS. Portanto, a realização de uma produção audiovisual com os jovens do Ensino Médio, tendo como referência a educação politécnica, não passa apenas pelo domínio das tecnologias de produção, reprodução e difusão das imagens, mas fundamentalmente pela compreensão do papel da proliferação das imagens no mundo real.

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